¿A dónde van las obras?
Josefa Pereira

práctica: a partir del ejercicio de edición, recorte y pegado de testimonios de obras vistas por amigos, yo repito/digo en voz alta estos audios mientras los escucho. Estas pistas de audio son, en este contexto bolsa-beca-barco de Arqueologías del Futuro, menos un material para ser apreciado como resultado u objeto en sí mismo y más uno de los muchos restos posibles que ha desplegado este proceso de investigación sobre testimonios/relatos de piezas durante el período de un mes. Todavía no estoy segura de cuánto este resto-audio/resto-de-obras aquí publicadas puede ser de interés público, pero creo sobre todo en la importancia de esto como ejercicio de una investigación que por ahora no deja de generar preguntas. Quiero subrayar que lo que aquí se escucha (y que es un poco extraño), son trazos que definen una de alguna de las prácticas y deambulaciones en torno a la escucha de testimonios a los que me dediqué: conversar con amigos, caminar-escuchar-hablar, patinar-escuchar-hablar, escuchar-editar y en este caso específico, editar-escuchar-repetir uno de los muchos cortes posibles que genera la práctica de escuchar-editar. Quizás en esta práctica concreta, lo que me intriga por el momento es: así como en la posibilidad de hacerse presente desde el testimonio de un amigue, o, en la posibilidad de ver lo que en realidad sólo fue visto por le otre, algo en el registro del ejercicio publicado aquí también revela un tipo de dislocamiento posible. Cuando hablo, escucho el sonido de mi propia voz resonando. Y entonces: ¿qué tipo de discurso es el que se practica cuando lo que se escucha no es el sonido de mi propia voz sino la voz del otro? ¿Qué sería hablar como una práctica radical de escucha de la voz de ese otro?
prática: a partir de um exercício de edição e recorte e colagem de testemunhos de peças assistidos por amigos meus, eu repito/falo em voz alta esses áudios enquanto os escuto. Estas faixas de áudio são, neste contexto bolsa-beca-navio de Arqueologias del Futuro, menos um material para ser apreciado como resultado ou objeto em si, e mais um dos muitos possíveis restos que este processo de investigação sobre testemunho/relato de peças propiciou durante este curto período de um mês. Ainda não sei bem o quanto este resto-áudio/resto de peças publicado aqui possa ser de interesse público, mas acredito que houve acima de tudo a importância deste como um exercício de uma investigação que por hora não para de gerar mais perguntas. Sublinho portanto, que isto que se pode vir a ouvir aqui (e que é um bocado estranho), são traços que imprimem uma de algumas das práticas e perambulações em torno da escuta de testemunhos às quais me dediquei: conversar com amigxs, caminhar-ouvir-falar, patinar-ouvir-falar, ouvir-editar, e neste caso específico, editar-ouvir-repetir um dos tantos recortes possíveis gerados pela prática ouvir-editar. Talvez nessa prática específica o que por hora me intriga: assim como acontece na possibilidade de fazer-se presente a partir do testemunho de um amigo, ou, na possibilidade de ver o que de fato só foi visto pelo outro, algo no registro do exercício aqui publicado revela também um tipo de deslocamento possível. Quando eu falo, eu escuto o som da minha própria voz ressoando. E então: que tipo de fala é que se pratica quando o que se ouve não é o som da própria voz mas sim a voz do outro? O que seria falar como uma prática radical de escuta da voz desse outro?